domingo, 23 de outubro de 2016

Suplico-vos: Amem e deixem-se amar!

Arrepio-me com o mundo... Entristeço-me...

Caem-me lágrimas de sangue ao ver onde chegamos. Quero dizer, onde não chegamos.

Entristece-me saber que não existe amor ao próximo. Entristece-me saber que não existe apreço pela vida humana. Entristece-me saber que não... Existe um ambiente de desconfiança, medo... Fazemos uma boa acção e somos olhados de soslaio. Batemos a uma porta e abrem com duas pedras na mão ou fingem nem ouvir... Quero acreditar que a humanidade ainda tem salvação. Preciso de acreditar que o amor pode retirar esta névoa escura que nos envolve. Amem... Permitam-se amar. Olhem à vossa volta. Observem o mundo que vos rodeia. Mudem a vossa forma de pensar. Pensem mais nos outros. Tirem tempo para os outros. Suplico-vos. Imploro-vos. Amem e deixem-se amar.

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Adelaide Miranda, 23/10/2016


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quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Para Sempre

...

Preciso de silêncio... Que se calem as vozes à minha volta. Que se cale o mundo à minha volta. Que se silencie o barulho!

Preciso de paz... Que cesse o movimento à minha volta. Que se imobilize o mundo à minha volta. Que se interrompa o movimento!

Preciso de tempo... Que parem todos os relógios à minha volta. Que o mundo deixe de girar à minha volta. Que se interrompa a linha do tempo!

Preciso de... Silêncio... Paz... Tempo... Preciso que pare tudo neste preciso momento. Preciso de imortalizar este preciso momento... Que os teus lábios poisem sobre os meus para sempre. Para sempre!

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Adelaide Miranda, 19/10/2016

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Foto retirada da internet


segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Por medo...

Tenho tanto por dizer... Fiquei com tanto por falar... Revejo as nossas conversas, as nossas discussões e não percebo o medo que sempre senti em confrontar-te com o que realmente pensava e sentia. Sempre tive medo, sabes? Sempre tive medo de dizer-te o que me ía na mente e no coração. Sempre tive medo de arreliar-te, de contrariar-te... Sempre tive medo, que se dissesse algo que não quisesses ouvir, que me deixasses e por isso ficou tanto por dizer. Ficou por dizer que não era correto, que não merecia que falasses comigo daquele jeito. Ficou por dizer que não era justo pensares apenas em ti na maioria das situações. Ficou tanto por dizer... Sempre tive medo que levasses de mim as migalhas de afecto que me davas, sabes? Desesperava ao pensar o que seria de mim se deixasses de me alimentar com os restos que te sobravam. Ficou tanto por dizer... Ficou tanto por amar... Durante todos este tempo esqueci de amar-me a mim mesma. Recolhi os pedaços que me destes e pouco a pouco envenenei-me com eles. Um veneno que dia a dia consumiu o pouco amor próprio que me restava...  Tenho tanto por dizer... Fiquei com tanto por falar contudo, agora, já não vale a pena. Não quero alimentar o teu veneno ao doar-te o meu tempo. Que as palavras que não foram ditas sejam levadas pelo vento! Que o amor próprio seja o meu sustento. 


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Adelaide Miranda, 17/10/2016


quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Devora-me...


Devora-me agora, por favor. Não me pegues de mansinho. Devora-me. Degusta-me de uma só vez. Engole-me. Não me petisques. Come-me. Prova-me sem medo. Atreve-te. Saboreia-me. Não me cozinhes. Devora-me. Aprecia-me sem temperos. Almoça-me... Janta-me... Ceia-me... Liberta a tua gula em mim. Devora-me. Não me desperdices. Devora-me. Tão simples, assim.
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Adelaide Miranda, 12/10/2016

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segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Broken

 

I was broken...

Damaged and broken.

Twisted perhaps, but also broken.

I had been looking 

For my lost pieces. 

I found them in you.

You glued them together

With a labelled “due by” glue.

I keep falling apart,

I keep having to return to you

So I can be whole again.

You keep missing pieces…

Making sure I have to return to you.

You are my salvation and my penitence…

I cannot be whole unless I am with you.

You gave me wings so I can fly

Only by your side. They don’t work otherwise.

I am broken…

Glued back in pieces

To be handled only by you.

You are my freedom and my prison.

My world begins and ends in you.

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Adelaide Miranda, 10/10/2016


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quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Em alto e bom som

Sabes que mais? Estou cansada! 
Estou cansada de guardar o que sinto cá dentro. 
Vou gritar em alto e bom som! 
Já não aguento esta angústia, esta dormência... 
Vou gritar em alto e bom som!
Estou farta de fingir que a tua indiferença não me incomoda.
Vou gritar em alto e bom som!
Sabes que mais? Chega!
Chega de fingir que não estou louca para cair nos teus braços.
Vou gritar em alto e bom som:
Amo-te! Quero-te! Desejo-te! 
Preciso-te! Necessito-te! 
Ah, porra! 
Amo-te! Amo-te! Amo-te!
Amo-te em alto e bom som!

Adelaide Miranda, 06/10/2016
Foto retirada da net

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Náufraga


Perdida… Era assim que se sentia ultimamente. Completamente perdida, sem rumo, sem lugar...

Tinha uma vida boa, muito boa. Não sabia o porquê de sentir-se náufraga.

Tinha a certeza que o mundo estava completamente equivocado. Não bastava seguir as regras da sociedade, não bastava fazer tudo como manda o figurino, não bastava...

Deborah tinha 27 anos e a vida corria como tinha sido programada, por si, pelos seus pais, pela sociedade... Licenciada, casada e com um filho nos braços, tudo a seu tempo. Porém, algo sufocava o seu coração. Algo afligia a sua alma. Não sabia bem o que era. Precisava descobrir...

João, casado com Deborah, sentia-se o culpado da infelicidade da mulher. Sempre tentara de tudo para fazê-la feliz, mas não conseguia. Ao olhá-la nos olhos via um vazio, uma insatisfação... Moravam na casa com piscina que ela sempre mencionou, conduziam o carro que ela sempre mencionou, não lhes faltava nada... Faltava-lhe parte da alma...

- João... Acho que vou ausentar-me por uns tempos... – disse enquanto se preparava para ir para o trabalho.

- Ausentar, como assim?

- Preciso sair daqui... Já falei com a minha mãe para ficar com o Lucas por uns dias...

- Já falaste com a tua mãe? Ausentar-te? – colocou-se em frente ao espelho e olhou-a nos olhos – Não és feliz comigo, Deborah? É isso?

- João, sabes bem que não é isso... Eu sou feliz contigo... Não sou é feliz comigo, percebes? Preciso saber o que se passa comigo. Tenho tanto e no entanto...

- Amas-me, Deborah? Diz-me, por favor?

- Não sejas tolo... Amo-te a ti e ao nosso filho. Adoro a nossa vida, mas falta-me algo. Há algo que não estou a fazer. Algo que me está a faltar. Não consigo explicar, mas bem no fundo de mim sinto uma angústia, uma dor... Preciso sair daqui, percebes? Tentar entender o que se passa comigo.

- E vais para onde? – perguntou conformado com a decisão.

- Vou para a Serra do Gerês. Isolar-me, pensar... Entendes?

- Desde que prometas que não me vais deixar...

- Nunca! – Abraçou-o e beijou-o apaixonadamente. – Sou feliz por ter um homem como tu ao meu lado. Está na altura de dar-te a esposa que tu mereces.

Enquanto conduzia mil coisas passaram-lhe pela cabeça... Sentiu um aperto no estômago ao despedir-se do João e do Lucas, mas tinha de fazê-lo... Para o bem dela, para o bem deles...

Inicialmente teve dificuldade em concentrar-se, passou a maior parte do tempo a chorar. Chorou por tudo o que não tinha chorado e por tudo o que ainda haveria de chorar.

Com o passar das horas e dos dias conseguiu abstrair-se do mundo à sua volta e focar-se na imensidão do seu mundo interior. Descobriu memórias esquecidas e lembrou-se de quando tinha sido feliz pela última vez, antes do João, antes do Lucas, antes da faculdade...

Lembrou-se daquela tarde de Verão em que sentada na sala a ver “Música no Coração” cantou as músicas todas, junto com a irmã, dançou e imitou várias cenas do filme. Lembrou-se da promessa que fizeram uma à outra de que um dia iriam fazer o mesmo... Encenar, cantar, dançar tudo num só... Lembrou-se da paz que sentiu quando ambas se abraçaram e prometeram uma à outra nunca esquecer esse sonho...

Ali, naquele momento, Deborah percebeu. Percebeu o que a fazia infeliz: tinha-se se esquecido o que a fazia feliz, a ela própria. Seguiu os passos que os pais e a sociedade esperavam de si. Esqueceu-se do que ela tinha prometido a si mesma: ser feliz!

Nessa mesma noite voltou para casa. Abraçou o marido e o filho com tanta força... Abraçou-os e agradeceu a Deus que eles fizessem parte da sua vida.

- João, amanhã vou inscrever-me na escola de teatro. – Disse quando se preparavam para ir dormir.

- Escola de teatro? Não percebo... – Perguntou confuso.

- Sabes? Sempre quis ser actriz de teatro, fazer musicais... Esse era o meu sonho, antes de...

- A sério? Nunca me falaste sobre isso...

- Pois é, João... Esqueci-me do que realmente me fazia feliz. Do que alimentava a minha alma...

- Amor, se é isso que tu queres, força. Apoio-te no que foi preciso...

O tempo passou... As cortinas abriram-se e Deborah olhou para o público à sua frente. Sentiu uma breve dor no estômago e respirou fundo. Fechou os olhos e lembrou-se da promessa que fez à irmã...

A peça terminou e saiu do transe. O público levantou-se e aplaudiu. Na primeira fila, estava o seu João com lágrimas nos olhos. Deborah, sorriu, fez uma vénia e agradeceu ao público. Chorou também de emoção. Não foi fácil chegar ali, foram meses de aulas e meses de ensaios. Meses de dúvidas, medo e ansiedade. Ali, naquele palco, perante o público, pegou no leme do seu navio. Não era náufraga, Deborah, era finalmente a comandante do seu destino.


Adelaide Miranda, 05/10/2016
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domingo, 2 de outubro de 2016

Amor, Traição e Kizomba - Excerto

Senti-me a perder o controlo e apertei-a contra mim. Beijei-a sofregamente e explorei a sua boca com a minha língua com uma vontade enorme de devorá-la. Afastou-me, tirou a blusa e fez-me esfregar a cara nos seus peitos. Saboreei os mamilos rijos e trinquei-os ligeiramente até fazê-la gemer de prazer. Levantei-lhe a saia e tirei-lhe as cuecas com apenas um gesto. Agarrei-lhe os cabelos enquanto a olhava nos olhos e penetrei-a com os dedos.

– É isto que queres de mim?
– Quero mais do que isto... Quero que me preenchas.
– Os meus dedos não te chegam?
– Não! Quero sentir-te, quero-te todo dentro de mim.

...

Excerto de "Amor, Traição e Kizomba", de Adelaide Miranda.

Disponível numa livraria perto de si...


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sábado, 1 de outubro de 2016

Por um fio...

Encontrou-a caída no chão e correu até ela. Com o coração nas mãos, os segundos que demorou a percorrer a distância que os separava pareceram uma eternidade. Agachou-se e colocou o ouvido sobre o peito da mulher que ele amava. As mãos tremiam e o terror, o pavor, de não a encontrar com vida quase que o paralizavam. O barulho ensurdecedor do medo quase não o deixou ouvir o coração dela a bater... Para seu alívio, batia, de leve, mas batia. Enquanto a abraçava rezava para que tudo estivesse bem. 
- Acorda, amor, por favor. - Sussurrou-lhe ao ouvido. - Acorda, amor... Acorda.
Abraçou-a enquanto esperava a ambulância. Deitou-se, ali, com ela à espera que alguém os viesse salvar. Sim, também ele precisava de salvação. Se alguma coisa acontecesse com ela a sua vida deixava de fazer sentido. Qual a razão de existir se não para a fazer feliz? De que serviria ele a este mundo se não fosse para contribuir que ela brindasse a humanidade com o seu sorriso?
Os paramédicos chegaram e ele ficou parado a vê-los trabalhar, como que em câmara lenta, sem conseguir afastar-se dela.
Ouviu-os a falar com ele mas não tinha forças para raciocinar. De repente, não conseguia entender a língua que falavam. Viu-os a afastarem-se com a maca em direcção à porta e só aí recuperou o controlo do seu corpo. Correu, correu e colocou a mão sobre o ombro do paramédico que se encontrava já a fechar a porta da ambulância. Saltou lá para dentro e agarrou a mão da sua mulher, da sua vida... Apertou-a com força.
- Salvem-nos, por favor. - Suplicou ao paramédico. - Salvem-nos.
O paramédico assentiu e fechou a porta da ambulância. 
O barulho da sirene lembrou-lhe que estava numa corrida para salvar a própria vida. Sentiu a urgência e olhou para a sua mulher, a sua vida...
- Acorda, meu amor, acorda. - Beijou-lhe a mão e inalou, de olhos fechados, o seu cheiro. - Eu amo-te, meu amor... Acorda, por favor....

Adelaide Miranda, 1/10/2016